Cartas de Mecenato ou Shakespeare do séc. XXI?
Descobri uma coisa que é tragicamente pior que o Romeu e Julieta, pior que o Titanic, pior que as novelas da TVI e pior que as notícias do telejornal.
Essa coisa, são as cartas de pedidos de apoio de mecenato.
Recebemo-las às paletes, por correio e por e-mail, como quem recebe panfletos de publicidade ou jornais gratuitos à porta do metro. Chegam de todo o país, de instituições, pessoas singulares e escolas, de cidades, aldeias e terriolas.
Se por um lado, as cartas já são um drama inato, por outro, é ainda mais dramático excluí-las, seleccioná-las, ou apenas lê-las e sentirmo-nos impotentes.
E quais são os critérios para decidir o que é mais prioritário: a senhora que passa fome com os dois filhos pequenos, o carro dos bombeiros, as crianças que não vão ter férias, os bebés que não têm fraldas, o mini-autocarro para os surdos, as crianças que só comem uma refeição por dia (se alguém oferecer), o senhor que não tem pernas e precisa de uma cadeira de rodas (e que até mandou fotografias dele sem pernas na tal cadeira de rodas) ou o rapaz que ficou tetraplégico num acidente, obrigando a mãe a deixar de trabalhar e o irmão a deixar de estudar, para tratarem dele, porque a segurança social não dá resposta à situação?
E se o pedido vem de alguém que conhecemos, ou de uma escola que foi a nossa, ou com a assinatura de um amigo?
Mais impossível do que responder a toda a gente (era preciso ter uma pessoa a tempo inteiro só para escrever essas cartas), só mesmo ajudar toda a gente... Porque vamos lá ver as coisas como elas são: Uma empresa é um negócio, não é a Cruz Vermelha!
A tragédia intensifica-se com algo que talvez possa ser classificado de humor negro sofisticado, como sejam as instituições que existem “á muitos anos” ou a “lua contra o cancro”. Depois, há quem faça pedidos humildes do género “precisamos de um mínimo de 30.000 € por mês” ou “a vossa colaboração será de 5.000 € mais IVA” como se nós já tivéssemos dito que íamos colaborar. Não vamos. Tal como não vamos patrocinar a viagem de finalistas, nem o concerto das bandas polacas, nem o combate às “espécies exóticas invasoras” – e esta é, de longe, a minha preferida, a minha coqueluche das cartas de pedidos de apoio de mecenato!
Essa coisa, são as cartas de pedidos de apoio de mecenato.
Recebemo-las às paletes, por correio e por e-mail, como quem recebe panfletos de publicidade ou jornais gratuitos à porta do metro. Chegam de todo o país, de instituições, pessoas singulares e escolas, de cidades, aldeias e terriolas.
Se por um lado, as cartas já são um drama inato, por outro, é ainda mais dramático excluí-las, seleccioná-las, ou apenas lê-las e sentirmo-nos impotentes.
E quais são os critérios para decidir o que é mais prioritário: a senhora que passa fome com os dois filhos pequenos, o carro dos bombeiros, as crianças que não vão ter férias, os bebés que não têm fraldas, o mini-autocarro para os surdos, as crianças que só comem uma refeição por dia (se alguém oferecer), o senhor que não tem pernas e precisa de uma cadeira de rodas (e que até mandou fotografias dele sem pernas na tal cadeira de rodas) ou o rapaz que ficou tetraplégico num acidente, obrigando a mãe a deixar de trabalhar e o irmão a deixar de estudar, para tratarem dele, porque a segurança social não dá resposta à situação?
E se o pedido vem de alguém que conhecemos, ou de uma escola que foi a nossa, ou com a assinatura de um amigo?
Mais impossível do que responder a toda a gente (era preciso ter uma pessoa a tempo inteiro só para escrever essas cartas), só mesmo ajudar toda a gente... Porque vamos lá ver as coisas como elas são: Uma empresa é um negócio, não é a Cruz Vermelha!
A tragédia intensifica-se com algo que talvez possa ser classificado de humor negro sofisticado, como sejam as instituições que existem “á muitos anos” ou a “lua contra o cancro”. Depois, há quem faça pedidos humildes do género “precisamos de um mínimo de 30.000 € por mês” ou “a vossa colaboração será de 5.000 € mais IVA” como se nós já tivéssemos dito que íamos colaborar. Não vamos. Tal como não vamos patrocinar a viagem de finalistas, nem o concerto das bandas polacas, nem o combate às “espécies exóticas invasoras” – e esta é, de longe, a minha preferida, a minha coqueluche das cartas de pedidos de apoio de mecenato!
Comentários
e sim, está para nascer um blog q vai revolucionar a internet! fiquem atentos!