"Sous les pavés, la plage"
"O maio 68 foi a penúltima revolução europeia. A penúltima porque a próxima está para vir. Sem 68 metade do século XX teria sido triste. 68 mudou tudo, mudou-nos a nós. É por isso que as jovens gerações não precisam de se lembrar. Está no seu DNA. Elas têm 68 no corpo".
Toni Negri em entrevista ao Nouvel Observateur
Quem sabe o que é o Maio de 68 ponha a mão no ar!
O "Público" atesta, nem todos os braços se erguem. É um "fifty-fifty" como escreve uma amiga minha no dito artigo. A maioria dos estudantes de humanidades, letras e artes, sabe, a maioria do estudantes de ciências não faz a menor ideia. Eu própria me indaguei, antes mesmo de ler a notícia, se saberia do que se trata caso não tivesse tido francês e histótia até ao 12º ano.
Aquela minha amiga é peremptória: "é cultura geral". Sim, é. Mas oh Inês, quantas perguntas de cultura geral saiem no trivial e nos quizes de Terça à noite da Marina, que nós não sabemos responder?
É certo que quem desconhece o Maio 68 e todos os acontecimentos que se desencadearam a partir daí, não percebe uma "valse a mille temps", e se ouvir "et les yeux dans les yeux et la main dans la main", não estará a sentir, nem a vêr...
Mas e nós, somos mais revolucionários por conhecermos esses detalhes? Nós que na maior passividade deixámos a faculdade avaliar-nos e mudar-nos o curso aleatoriamente...
Quantas vezes nos insurgimos verdadeiramente contra uma injustiça, contra algo que nos parecia errado?
Contam aquelas discusões com o ente paternal sobre não me deixarem sair à noite?
O que eu quero mesmo perguntar, é em que sentido podemos hoje conceber uma revolução?
"L'action ne doit pas être une réaction mais une création."
Mas o que eu quero mesmo, mesmo, mesmo, perguntar, é como é que se faz uma revolução? Porque eu estudei o Maio 68 e estudei o 25 de Abril e mesmo assim não sei...
"Arrêtez le monde, je veux descendre"
"Soyez réalistes, demandez l'impossible"
Toni Negri em entrevista ao Nouvel Observateur
Quem sabe o que é o Maio de 68 ponha a mão no ar!
O "Público" atesta, nem todos os braços se erguem. É um "fifty-fifty" como escreve uma amiga minha no dito artigo. A maioria dos estudantes de humanidades, letras e artes, sabe, a maioria do estudantes de ciências não faz a menor ideia. Eu própria me indaguei, antes mesmo de ler a notícia, se saberia do que se trata caso não tivesse tido francês e histótia até ao 12º ano.
Aquela minha amiga é peremptória: "é cultura geral". Sim, é. Mas oh Inês, quantas perguntas de cultura geral saiem no trivial e nos quizes de Terça à noite da Marina, que nós não sabemos responder?
É certo que quem desconhece o Maio 68 e todos os acontecimentos que se desencadearam a partir daí, não percebe uma "valse a mille temps", e se ouvir "et les yeux dans les yeux et la main dans la main", não estará a sentir, nem a vêr...
Mas e nós, somos mais revolucionários por conhecermos esses detalhes? Nós que na maior passividade deixámos a faculdade avaliar-nos e mudar-nos o curso aleatoriamente...
Quantas vezes nos insurgimos verdadeiramente contra uma injustiça, contra algo que nos parecia errado?
Contam aquelas discusões com o ente paternal sobre não me deixarem sair à noite?
O que eu quero mesmo perguntar, é em que sentido podemos hoje conceber uma revolução?
"L'action ne doit pas être une réaction mais une création."
Mas o que eu quero mesmo, mesmo, mesmo, perguntar, é como é que se faz uma revolução? Porque eu estudei o Maio 68 e estudei o 25 de Abril e mesmo assim não sei...
"Arrêtez le monde, je veux descendre"
"Soyez réalistes, demandez l'impossible"
Comentários
eu sinto cada vez mais que preciso de me envolver nalguma coisa que acredite, dedicar-me de alma e coração. Acho que isso dá sentido á vida. Claro que não tem que ser uma revolução, que isso não é coisa que se faça só "porque apetece". mas acho que a nossa capacidade de nos envolvermos nalguma coisa é a origem. a nossa geração não atravessou o contexto em que viveram os nossos pais, altura em que a consciencia política estava à flor da pele, mas é obrigatório - diria, até, urgente - que não nos tornemos uma geração sem ideais. Porque sem isso não há "plage", só há "pavés".
mas quem quer mudar? e o quê? e quando?
e respondo eu que não sou revolucionário: Todos , tudo e sempre.(mas devagarinho, tipo 1 kilo de arroz para o banco alimentar , ok?)
E é isso mesmo que vamos fazendo, quando seguimos com as nossas vidinhas, tranquilamente alienados por milhentos "barulhos" que não nos deixam ouvir o sofrimento e infelicidade dos outros. E na escala do planeta, estes outros são os que um dia vão agir, mas é previsivel que destruam antes de criarem. E nem se vão questionar do "como se faz".