Ensaio sobre as cores
Depois das crónicas de Natal, parcas mas largas o suficiente para encher tanto como filhoses, sonhos e lampreia de ovos, decidi escrever sobre cores. Vou ser breve e concisa, porque as cores são breves e concisas. Também são levianas e depravadas, sempre a misturarem-se umas com as outras, mas eu prefiro ser breve e concisa. Porque as melhores cores são assim. Como o vermelho apaixonado dos embrulhos de Natal que caiem do céu. O branco metalizado da neve que nunca chega a Lisboa. O amarelo explosivo dos elevadores que vão até ao andar das nuvens e fazem faísca nos arredores. O preto sóbrio do rio encantado que dorme debaixo da ponte. E não me venham dizer que o preto e o branco não são cores porque isso não é nada poético. Que se formos a ver então toda a cor é uma ilusão. Um mutante intermitente em constante fotossíntese. Esqueçamos, por favor, esses pormenores científicos e enfadonhos já que eu prometi ser breve e concisa. E,na verdade, só queria dizer que não