Poc a poc
Lembro-me do primeiro dia. Vai ser difícil mas eu vou conseguir. E consegui. Revolvidos mais de 12 meses já conhecia os cantos às ruas, embora se me escapassem a maioria dos nomes. Eu sei que dizer “já” depois de se ter passado mais de um ano denota um certo atraso. (Por isso escrevi 12 meses, a ver se disfarçava). Mas eu sou assim. Sempre demasiado concentrada nos meus monólogos comigo mesma para reparar nos caminhos que traço. Disso ocupam-se os pés. Infelizmente os pés não têm memória nem GPS com alarme. E uuups, já passei a porta de casa. Eu moro uns números mais acima e uma rua mais abaixo. Mas pouco a pouco tudo se foi discernindo com uma clareza informal. Já fazia parte de mim saber onde estavam os super mercados, as frutarias, os correios e os restaurantes. Conhecia as pessoas da farmácia, o senhor da loja de arranjar os sapatos e o da loja de arranjar os computadores. Dizia bom dia aos vizinhos e pedia-lhes coisas emprestadas. A vizinha que passou os primeiros 12 meses (e