Mary Kay
Estava eu humildemente a um canto, porque nos desfiles de moda toda a gente quer estar no centro, quando ela se aproximou. De todas as palavras que debitou, sorridente e energética, recordo apenas aquele troço mágico “sessão de beleza grátis”. Ok. Guardei o cartão sem olhar e avancei para o próximo desfile. Apenas dias depois, quando estava no elevador de um prédio desconhecido a subir para um andar incerto, tendo como destino um rosto de semblante esquecido chamado Sheila, é que se me ocorreu: devia ter lido o cartão, devia ter procurado na internet, devia ter perguntado mais, devia ter avisado o meu namorado... E agora, se isto é tudo uma tapada para uma rede de tráfico de órgãos humanos? Ou de prostituição? Tantos anos sem aceitar doces de estranhos para chegar aos 25 e sucumbir à primeira “sessão de beleza grátis” que me oferecem no meio da rua. Ai se a minha mãe soubesse! Que vergonha... A única coisa que me tranquilizava eram as duas raparigas que subiam no elevador comigo,