Episódios tropezianos 1
Já sabíamos que o
hotel não era um 5 estrelas, mas havíamo-nos esquecido da existência desse
programa que desvirtua realidade e que se chama photoshop.
O dono do hotel compensou
a coisa, com uma simpatia e hospitalidade pouco frequentes nos les bleus. Depois
de 6 horas de viagem já estávamos a laurear a pevide pelo Port de Saint Tropez.
Os iates, senhores absolutos de Saint Tropez, repousavam a um lado, enquanto do
outro bares, cafés, restaurantes e lojas variadas viviam a azáfama e o
burburinho da hora de jantar.
Passámos
pelo famoso restaurante club Papagayo, que era bonito sim senhor mas parecia
uma lar de idosos. O que nos vinha recomendado era o Le Quai e foi aí que
entrámos, esperámos e fomos ultrapassados por amigos da casa, mas a sorte de
principiante fez-se ver e conseguimos uma mesa com a vista da esplanada com o
porto de fundo. O jantar era animado por música ao vivo e bailarinas de cabaret
que faziam parar o trânsito. A decoração moderna e divertida, o ambiente seleto
e animado, a comida gostosa e o preço inflacionado. Uma típica noite
tropeziana.
No regresso parámos
para comer um Haggen Dazz, marca que eu pessoalmente considero cara mas que em
Saint Tropez está no lado “baratuxo” do porto, ao lado de uns baretos e de umas
lojas de roupa de baixa costura. Também vimos o VIP Room, uma das discotecas
mais badaladas, que aparentava ter uma extensa fila de acesso, porém, eram
apenas paparazzi caseiros, pessoas que esperavam ansiosas com as câmaras em
punho para registar o momento alto das suas férias de verão: tirar uma
fotografia a alguma celebridade que por ali passasse.
Diz que ir a Saint
Tropez e não ver a Paris Hilton é como ir a Roma e não ver o Papa. Nós, como já
vimos a Paris Hilton em Barcelona e fotografias preferimos tirar-nos a noi mêmes, fomos dormir cedinho, para aproveitar bem o
nosso primeiro dia.
Amanheceu com algumas
nuvens mas o calor intenso trespassava-as sem tréguas. Para chegar à Plage des
Graniers (dentro de Saint Tropez) envolvemo-nos numa epopeia de caminhos
desconhecidos por um trânsito tão intenso como o calor e tão confuso como o
napolitano. Ainda bem que era ele a conduzir, é só o que eu vos digo.
A praia foi uma
pequena desilusão, areia cheia de cascalho, mar cheio de pedras, um restaurante
agradável mas lento, desorganizado e caro, claro.
Depois do almoço decidimos
explorar a vila, sim, Saint Tropez é uma pequena vila, tão pequena que em 10
minutos já estávamos no Porto outra vez. Fez-me lembrar a minha adorada Siena,
pelo estilo das casas e as ruas estreitas, mas Siena tem mais encanto e mais
estória. Saint Tropez é uma vila de pescadores com lojas de marca e bandeiras
de França.
De noite comprometemo-nos a economizar no
jantar, o que em teoria é uma boa ideia mas na prática resultou numa pizza
queimada e num calzone recheado com pedaços de plástico, supostamente de embalagens
e fiambre. E nem sequer economizámos muito, sobretudo porque depois fomos ao
bar do Hotel Byblos (o hotel mais caro in town), enquanto fazíamos tempo para
entrar nas Caves du Roy, a discoteca mais famosa e exclusiva de Saint Tropez. Contrariamente
ao que esperávamos, não era preciso estar em nenhuma guest-list, nem pagar
entrada. Nova York, Barcelona, Ibiza, Paris, Londres, you name it, qualquer
club ou discoteca que se preze faz-se de difícil. E em Saint Tropez, no auge do
glamour, não podia ter sido mais fácil. É que se pensarmos bem, o preço de 26€
por um vodka redbull já é um processo de seleção bastante efetivo per se.
A festa era boa, a
malta estava na loucura mas as expectativas ficaram muito aquém. Esperávamos
alguma coisa especial, como a decoração exótica e as camas do CDLC na praia de
Barcelona, a vista panorâmica da discoteca no 26 andar do Hotel W, os efeitos
especiais do Ushuaia em Ibiza ou a imensidão do Pachá. Não deixa de ser triste
que o que mais nos impressionou tenha
sido o Dj, que não parava de dizer, como se fosse o grito de guerra mais cool
do mundo “Puta que pariu”, para grande rejubilo do público, desconhecedor nato
de calão brasileiro. E esta é a discoteca que o Alberto o Mónaco frequenta.
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