A Voz!
Já tinha visto cenas do original estadunidense The Voice e
pareceu-me engraçado. Nunca fui uma die hard fan de Ídolos e Operações triunfo
mas A voz afigurava-se diferente: o jurado não vê os candidatos. Limita-se a
ouvir, o que realça a essência artística de cada um.
Não importa se a cara da voz é feia como a noite dos trovões,
se o corpo não entra nas roupas que a Vogue aconselha aos seus leitores ou se o
estilo é duvidoso ou simplesmente estagnado em alguma década passada do século
XX. A única coisa que conta para passar à fase seguinte é “A voz”. E tudo se
anima com as surpresas (às vezes melhores, às vezes piores) que o jurado leva
quando decide virar a cadeira para ver quem está a cantar. Se mais de um jurado
se vira terão de se digladiar pelo futuro artista em questão. Aí é o vale tudo –
abraços, promessas de discos ou dizer que o wannabe se chama igual que a mãe,
que a tia ou que o cão. Quase sempre o
candidato já tem pré concebido com que artista do jurado quer formar equipa,
mas como nós não sabemos, esse suspense miudinho
e a rivalidade entre os membros do jurado aguentam o programa.
Pelo menos no primeiro episódio. Adorei o primeiro episódio,
apesar de não conhecer nenhum dos membros do júri, supostamente cantores
famosos espanhóis.
No segundo episódio já não achei tanta piada, era demasiado
repetitivo, e notei que os cantores “famosos”
e o apresentador vinham com a mesa roupa. No terceiro episódio, quando vi que
voltaram a aparecer com a mesma roupa, sabia que não ia correr bem. Já não havia
réstia de surpresa nas suas expressões, nem sombra de originalidade nas suas
palavras, nem forças para carregarem no botão e virar a cadeira. E o sorriso do
apresentador era mais cansativo do que nunca.
Um aborrecimento fenomenal.
Tudo leva a crer que fizeram uma maratona para gravar todas
as audições (100? Mais?) num só dia. Já não podia olhar para o colar da Malu,
nem para a caveira de brilhantes na camisa do Davis Bisbal. Oh meu deus e o que
dizer dos picos dourados na gola do apresentador!
Já nem sequer me emocionava quando o Melendi se voltava de pé
da cadeira, a apontar vitoriosamente para o candidato. Nada. Como uma reanimação
falhada. Adormeci.
Na semana seguinte, ao ver outra vez o colar, a caveira e os
picos dourados, mudei de canal. Quatro programas, quatro semanas, gravados no
mesmo dia com a mesma roupa??? Quer aio
de produção é esta? Parte de um programa de televisão são os estilismos e a
moda que nos mostram (seja agradável ou não), e a outra parte, quando não têm o
texto escrito no teleponto, como neste caso, é a dinâmica e a frescura dos
protagonistas. Que pela altura do quarto episódio estavam tao frescos como ovos
podres.
Na próxima semana começa uma nova fase: as batalhas entre os
candidatos selecionados a cegas. Pelo que vi nos anúncios a maltinha já mudou
de roupa!
Afinal, parece que ainda há esperança para A Voz.
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