E no terceiro dia fez-se o Carnaval!
O Carnaval correu mal. Não
levei com nenhum ovo podre na cabeça nem nenhum balão de água. Crescer tem destas
vantagens (mas também não é garantia de sucesso).
No primeiro dia nem chegámos
a sair do carro porque não havia absolutamente ninguém mascarado. Só nós. E
estávamos muito mascaradas. Pois claro, se é para mascarar é a sério, não é cá
um chapeuzinho ou uns oculuzinhos de tirar e pôr. O que, não obstante, teria
dado muito mais jeito. No segundo dia até havia mais umas almas mascaradas
porém, sorte macaca, começou-me a doer a barriga e a festa teve de continuar
sem mim. Eu que até estava tão jeitosa, vestida de menina da fórmula 1 com uns óculos cheios de estilo, que custaram 4€ na lojinha do chinês e com os quais, no escurinho da discoteca, não via um boi à frente nem se ele me aparecesse mascarado de Lady Gaga.
Todas as fichas estavam, então, no terceiro dia. Pode
ter sido o poder esotérico do 3, ou não,
mas desta é que foi de vez. Carnaval em Sitges! Toda a gente mascarada e
mais a
sério impossível. Estavam lá o Rei (seguido por um carro alegórico com
caçadores e elefantes), várias noivas, um pénis gigante e o Papa. Fica
assim esclarecido o motivo da demissão: pressões políticas e sociais
depois de ter sido visto na gandaia do Carnaval de Sitges a dançar com
um pénis gigante.

Vimos o desfile de rua, que em nada se compara com a organizada métrica
do espectáculo do sambódromo ou com a tradição das máscaras de Veneza. É mais assim
um mix entre o que eu recordo do Carnaval de Loulé e do de Moncarapacho. Só que em vez
de atirarem rebuçados os integrantes do desfile estão a beber e a fumar, arriscando pontualmente
um pezinho de dança fora de ritmo. Pronto, é uma coisa mesmo
decadente, mas não por isso menos animada! Há imenso espírito e graúdos e
miúdos divertem-se como se estivessem mais de 10 graus e não tivesse acabado de
começar a chover!
Eu,
pessoalmente, diverti-me
a atirar confettis para dentro dos copos dos desfilantes e para cima dos
técnicos de apoio dos carros, na esperança de lhes alegrar a cara sóbria
e
fechada. Ohhh! Como podem imaginar eles a-do-ra-ram a minha iniciativa!
Tanto que
depois de atirar os confettis eu agachava-me para me esconder. Isso de
que no Carnaval ninguém leva a mal é só em Portugal.
Depois
do desfile entrámos num bar vazio só mesmo para ir à casa de banho. Uma
vez aliviados, começamos a dançar sozinhos e acabámos com o bar cheio,
pelo que fomos premiados com shots gratis. O jantar foi numa
churrascaria, para rematar um regresso antecipado pela triste obrigação
de ter de ir trabalhar no dia seguinte. Acredito, piamente, que com
tanta reforma que aí vem não custava nada incluírem o Carnaval como
feriado nacional. Já por cá têm tantos, mais um não fazia diferença
nenhuma.
Comentários