VAI BRASIL!!!
- Mas eu sou portuguesa! - E brasileira também. - Não sou nada! - É sim! Lembro-me destas desafiantes discussões com o meu pai. A minha conceção do mundo estava numa idade desafiante e não aceitava que eu pudesse ser de outro país que não o que me viu nascer e o único onde tinha vivido até então. Lia a banda desenhada da Turma da Mónica, papava todas telenovelas e séries da Globo, tinha cds do Netinho e da Daniela Mercury, comia mangas, papaias e camarão com catupiry, ouvia o meu pai falar com aquele sotaque cantado e aquelas palavras que depois eu repetia na escola e ninguém percebia, mas era 100% tuga. E não havia maneira de que mudasse de ideia, eu, que com uma década e troca o passo de idade já tinha o mundo todo descascado na palma da mão. A adolescência é mesmo estúpida e não vai mudar nunca. Mas o meu pai, um pouco como todos os pais, nunca se cansou. Por sorte, a minha conceção do mundo expandiu-se para lá da idade do armário, ganhou formas com ângulos mais