A primeira a casar
Quando éramos
teenagers tínhamos uma conversa recorrente, sobre quem se ia casar primeiro. Era uma conversa desajeitada, apoiada num
futuro tão longínquo que só servia mesmo para especular umas gargalhadas. Volvidos
mais de 10 anos sobre estas conversas, continuamos todas solteiras, tanto
quanto sei (meninas??!). Há namorados, há vidas conjuntas, há filhos! Mas bolo
de casamento que é bom, não houve nenhum. Assim, contra todas as expectativas,
a primeira a casar-se foi um amigo meu de Barcelona. Conheci-o há um par de
anos e desde os primórdios que me pedia que lhe apresentasse amigas. Que se
queria apaixonar e casar. Que queria uma vida a dois tranquila e sossegada. Que
queria ter filhos. Eu olhava para ele e ria, descrente. Não acreditava mesmo
que um rapaz com 25 anos e todas as possibilidades pela frente pudesse ter como
objetivo imperial casar-se. Mas ele dizia quem sim e eu dizia vá lá bebe mais
um copo e diverte-te.
E bebeu,
divertiu-se e casou. O meu amigo casou. Não foi com nenhuma amiga apresentada
por mim mas foi com a mulher da vida dele, por muito Walt Disney que isso possa
soar. Mas quem é que não tinha uma coleção de videocassetes da Walt Disney hã?
Bastava ver
aquele brilhozinho nos olhos dele para saber que era ela e que aquele era o dia mais feliz da
vida dele.
Sim, precipitou-se-me
uma lagrimazinha na igreja, felizmente o padre pregou-nos uma seca do caraças e
isso impediu uma torrente de choro e ranho. O namorado, assustado e cauteloso, apressou-se
logo a dizer que nem todos os casamentos tinham que ter uma missa assim tão
alargada... Não fosse eu pegar-lhe mania
às missas matrimoniais!
O melhor da festa
foi a festa, como é costume. O noivo abriu as portas da sua casa, uma vivenda
imensa com um jardim verde e fresco , a única hipótese de sobrevivência na
Moraleja.
Oooh, La
Moraleja! O Leblon de Madrid sem areia, o Cascais de Madrid sem mar, porque não é o Rio nem Lisboa, é Madrid – 41 graus
às 7 da tarde. Se Espanha tivesse um deserto em vez de uma capital, era aqui.
O desenlace do
enlace foi como imagino que sejam todas as bodas: bar aberto, música e bailarico até
mais não, sapatos na mão. Conhecidos falando com desconhecidos, familiares à
mistura e toda a gente feliz. Esperamos
que para sempre.
Não mãe, não apanhei o bouquet.
Não mãe, não apanhei o bouquet.
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