Coisas típicas
Na desarrumação das
grandes cidades, e das pequenas também, está sempre cada coisa no seu sítio.
Algumas coisas são turistas e podem estar em muitos sítios. Como pastéis de
Belém em São Paulo ou um restaurante típico portugês ao lado de Times Square. Mas há certas coisas que conservam uma
resistência à réplica, que se deixam imitar mas não se deixam copiar. Coisas
que só SÃO, se forem ali, no lugar onde têm de ser. Podem ter uma Torre Eiffel
em Las Vegas que as pessoas não deixarão de querer ir a Paris. Podem vender
água de côco em pacote nos supermercados de Nova Iorque, que o gosto nunca vai
chegar perto do côco verde aberto à nossa frente. E mesmo os pastéis de Belém
em São Paulo, são pastéis de nata e não de Belém.
Enquanto cá estou, quero fazer
o maior número possível dessas coisas que se não fizer aqui, não vou fazer em
lado nenhum. Como andar nos barcos a remo do Central Park, onde a fila
desafia a fila da própria Estátua da Liberdade. Doze doláres dão direito a uma
hora de passeio. Assim de repente, uma hora pode parecer demasiado, mas depois o
lago é tão grande e há tantas coisas à volta (casamentos, concertos
improvisados, arranha céus, tartarugas, patos....) e eu remo tão devagar, que
uma hora é precisamente o tempo certo.
Também fomos a um musical
da Broadway, como não, quantos mais melhor! Eu por mim ia ver todos porém, o
preço dos bilhetes obriga a escolher um, ou dois, vá. O eleito foi “The Book of
Mormon”, um musical escrito pelos mesmos autores do South Park, nota-se logo,
só eles é que podiam imaginar um guião em que mandam dois mormons ir converter
pessoas para África. Uma paródia negra à religião, às condições de vida no terceiro mundo e ao
Rei Leão.
Last but not least,
apanhámos o metro para o Bronx e invádimos o estádio dos Yankees com a nossa
grosseira ignorância sobre baseball. Aplaudimos com entusiasmo quando ainda
estavam no aquecimento e quando toda a gente se pôs de pé a bater palmas, nós
ficámos sentados, parados, sem perceber o que se estava a passar. O jogo tinha
acabado. Os NY Yankees ganharam. Bom,
pelo menos o resultado não foi uma surpresa, porque nos demos conta de
que os Yankees fizeram vários home runs e os Giants rien de rien. Mesmo
sem perceber patévia e sem conhecer nenhum jogador, gostei da experiencia. Os
adeptos ao rubro, os concursos nos intervalos, os senhores que aravam a terra
do campo enquanto dançavam o YMCA, os espetadores a serem surpreendidos no ecrã
gigante. Não, não houve nenhum pedido de casamento. E o melhor de tudo é que o
Estádio dos Yankees é uma Disneyland de junk food! Jesus, Maria, José! Ele é
pizza, ele é hamburger, ele é sandwich,ele é batatas fritas com maionese e
ketchup à descrição, ele é onion rings, ele é hot dogs, ele é amendoins, ele é pipocas, ele é algodão
doce, ele é gelados, ele é pretzels, ele é cerveja, pepsi e daiquiris de
morango! Aposto que ficaram cheios para o resto do dia só com este parágrafo.
Já eu, ainda tenho muito
que encher. De modos que venha de lá mais um bocadinho de Nova Iorque!
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