If you can make it in NY...
Comecemos enquanto ainda
é Verão em New York. Enquanto o sol ainda nos condimenta a cor da pele, o
Central Park está cheio e as sandálias e sapatos abertos são os reis do asfalto.
New York como turista e New York como habitante são um matrix de realidades. Quando estive cá de férias a vida era um mar
de rosas, com várias peripécias, sim, mas nada que se compare aos affaires do
dia a dia. Nada que se compare a ter alugado um apartamento online, perto da
universidade, chegar ao destino e receber outro. No mesmo bairro, mas isso já
não importa nada porque, entretanto, as aulas da universidade mudaram de sítio.
O pânico. Sendo que passados 3 dias
afinal as aulas são onde era
inicialmente previsto e o novo apartamento é melhor que o tínhamos visto
online. Foi só uma pequena praxe – welcome to New York!
Aqui não vale a pena
fazer planos, não vale a pena achar que temos tudo controlado e não vale a pena
desesperar porque as coisas não saem à nossa maneira. Simplesmente não vale a
pena. Se nos fazem uma visita guiada pelas salas da universidade podemos estar
seguros de que a nossa primeira aula vai ser na única sala que não nos
mostraram, no recanto mais detrás de atrás das salas que estão atrás das outras
salas. E que depois de enfatizarem a importancia de chegarmos sempre 15 minutos
antes das aulas e de como a pontualidade e a assiduidade são importantes na
avaliação, a nossa professora chega meia hora atrasada. Esqueceram-se de lhe
avisar que tinham mudado as aulas de sítio, outra vez. Nuca falta água corrente mas vai faltar justamente
quando quiserem tomar banho. E o despertador? Deixiem-no sossegado que em Ny às
8 da manhã qualquer pedreiro estará encantado de nos acordar com a sua broca
electrica. Até os barquinhos do Central
Park se fazem de rogados. Depois de encontrar a paragem de metro é preciso
encontrar o lago, depois de encontrar o lago é preciso encontrar a Boat House,
depois de encontrar a Boat House é preciso encontrar a fila e nisto já passou
tanto tempo que quando chegamos ao fim da fila somos brindados com um bonito “Closed”.
Restaurantes “in” é preciso reservar com um mês de antecedência, clubes, discotecas
e eventos é precio estar na lista e, basicamente, para qualquer coisa em Manhattan
é preciso ter um saldo muito positivo no banco. Um bilhete de metro para 30 dias, por exemplo,
custa aproximadamente 100€ e não dá viagens ilimitadas. Como se tudo não fosse
já bastante caro ainda é “obrigatório” deixar uma gorgeta de 15%-20%. Que se
são duas semanas de férias uma pessoa aguenta, mas para 3 meses há que fazer
contas à vida e o resultado é que não vivemos para isto. Com o dinheiro que pagamos aqui por um humilde
apartamento num prédio feio e sem elevador, poderíamos viver num edifício de
luxo no Passeig de Gracia em Barcelona.
Desde que cheguei recebo
imensas mensagens a perguntarem como estou, como é. E as pessoas esperam que
lhes diga que é maravilhoso, que é a melhor cidade do mundo que é great awesome
e por aí a fora. E é! Quando se tem dinheiro, quando se tem contatos e quando
se sabe aonde ir, como e por onde. Eu ainda nao tenho nem sei nada disto.
Mas foi para isso mesmo que vim: para aprender.
And you know what they say: if you can make
it in NY you can make it anywhere!
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