A pressão da liberdade
As imagens, em preto e branco, dos tanques na rua e da marcha do povo ao som dos acordes de Zeca Afonso. O contraste dos cravos com a palavra revolução. O 25 de Abril arrepia, faz estremecer os sentidos, enche-nos de orgulho. Há 40 anos que somos livres. Obrigado. Antigamente, não se podia dizer, nõ se podia ler, não se podia ver. Não havia humoristas nem sátira nas peças de teatro. As coisas eram em linha recta, não se permitiam obliquidades. E quem desse uma ligeira curva, sofreria severas consequências. Era proibido pensar, inovar, desafiar. Antigamente, não havia filosofia e a história era interesseira. Antigamente, não havia eleições. Antigamente, morria-se pelos valores que se defendiam. Somos uns privilegiados. Podemos dizer o que bem nos apeteça, temos acesso aos livros, aos filmes, às músicas e às peças que quisermos. Podemos rir com os humoristas que fazem piadas sobre os políticos. Rir é um poder mais importante do que parece. Podemos usar roupas a