#comountigre
Há já algum tempo que queria escrever sobre isto, mas era
confidencial. Dito assim, até parece uma coisa importante, o desvelar da verdade
sobre quem matou o Kennedy ou a derradeira confirmação de que o homem pisou a
lua em 1969. Pois, não. Temos pena. O meu é um confidencial
extra-governamental. Um confidencial comercial, sem suma importânica para os
assuntos de estado e desprovido de interesse público. Eu diria mesmo, que não é
interessante de todo. Mas foi tão giro que vou contar!
Uma certa manhã, em Barcelona, recebi uma chamada a
perguntar se queria participar como extra num anúncio. Hesitei, mas acabei por
dizer que sim porque o dinheiro não anda por aí a desabrochar com as flores da
Primavera. Além do que, sendo extra, não devia ter de fazer grande coisa nem aparecer
muito...
Às 7 da tarde chegámos a uma casa numa zona residencial fora
de Barcelona. Já havia uma equipa de gravação em ação e o cenário era
impactante. Gruas, câmaras, tendas, holofotes, carris para as câmaras, um
autêntico set cinematográfico que não parou de crescer. Fui descobrindo
actores, modelos, catering, maquilhadores, maquilhadores de efeitos especiais,
diretores, acessores, uma rã!
Tudo me parecia novo e inédito, toda a gente parecia saber o
que fazer, menos eu. E durante as horas
que se seguiram conitnuei sem saber. Passei o tempo a observar, a conversar, a
fazer provas de roupa, de maquilhagem, de asas!
Até que à meia-noite, qual Cinderela, o meu momento chegou. As palavras de ordem “Silêncio, rodando!”
juntaram-se só para mim. Tinha asas, tinha plumas, tinha uma máquina de fumo
atrás e, à frente, uma rapariga agarrada a uma ventoinha que me disparava em plena
cara. Afinal, não era só um extra daqueles que
apenas se vê a ponta do nariz em terceiro plano. Era a dona da cena. Tinha que caminhar, de
saltos, e parar nas marcações assinaladas no chão (há uma pessoa só para pôr
autocolantes no chão a servir de marcação, o que eu acho fascinante). O
caminhar revelou-se problemático porque, se tinha de caminhar a olhar para a
câmara, não podia olhar para baixo para ver onde estavam as marcações. Tenho a
sensação de que aterrei senpre ao lado, mas eles foram uns queridos e não se
queixaram de nada. Só me pediram que
repetisse e repetisse e que voltassse a repetir. Agora de lado, agora de frente, agora na
diagonal, agora mais devagar, agora mais rápido, agora agora mais antipática,
agora mais sorridente.... Acreditem ou não, há todo um universo infinito de
possibilidades para dar 3 passos, abrir uma porta e dizer uma frase.
Não se imagina o
tempo, o esforço e quantidade de pessoas envolvidas para algo que
depois vai-se a ver e são uns míseros segundos de vídeo.
Deixo-vos com o resultado final, porque acho que é uma
campanha divertida e original.
Se me quiserem ver, é fazer click no número 6.
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