Desde Espanha com amor...
Esta é uma noite de murmúrios de Verão com sabor a dejá vu.
Poderia ser algo extremamente romântico, não fosse eu falar de futebol. Ainda
que desperte paixões exacerbadas, esta noite a história teve um final
Shakesperiano, ao mais puro estilo Romeu e Julieta.
Há quem lhe chame uma maldição. Eu sou demasiado empírica
para acreditar nessas coisas.
Eu acredito em acreditar. Hoje, a esperança fez-me acreditar outra vez, precavida
que estava com os desaires do ano passado. Mas depois do último minuto da útima
parte do prologamento, o céu era o limite! Tudo era possível! O sonho enchia-se
de cores e formas cada vez mais palpáveis. Os nervos tremelicavam, agarrados ao cachecol.
Esse cachecol que serviu mais vezes de lenço para acalmar as desilusões, que
para proteger do frio. E hoje não foi exceção.
Que prazer tão grande teria sido ouvir o silêncio dos
comentadores espanhóis. Calar aquelas vozes irritantes, que me atormetaram
durante 122 minutos. Que gritavam de
alívio cada vez que o Benfica falhava e entusiasmavam o Sevilha, enquanto eu
gritava impropérios. Aquelas vozes que estavam, claramente, a desafinar com a minha,
que eram mais torcedores que comentadores e não se cansavam de debitar inutilidades
por cima desse coro intenso. O coro dos melhores adpetos do mundo, que enche
todos os estádios não importa onde “Benfiiicaaa!
Benfiiicaaa! Benfiiicaaaa!”.
Apertei o cachecol com força. Acreditei até ao impossível. Gritei. Chorei...
Porque ser Benfiquista dói. Aquele trago a injustiça, aquela
dúvida palpitante sobre porque é que não fomos nós a erguer a taça. Aquela
inveitável lembrança do ano passado, que queremos enterrar, esquecer, apagar e não podemos.
Dói.
Voltar a chegar à final da UEFA tem mérito. Lutar outra vez até ao último minuto, também.
Mas sejamos realistas, a derrota é sempre indigesta. A derrota dois anos
seguidos, dá uma azia especial. E a
derrota contra uma equipa espanhola quando vivemos em Espanha, isso então já é
dose!
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