Aspirar os ouvidos
No primeiro mergulho nas águas do Caribe, apercebi-me logo
que alguma coisa não marchava bem. Nunca
tive problemas a mergulhar, a não ser o indomável biquini que se mete em todas
as partes menos onde tem de estar.
Mas agora andava com os ouvidos tapados. A água entrava e por ali ficava. Era ver-me como uma maluquinha, a abanar a cabeça e a saltar ao pé cochinho, cada vez que saía do mar ( e às vezes do duche).
Posto que a situação não melhorava, fui ao
otorrinolaringologista. Um nome tão complicado para um médico que se dedica a
aspirar os ouvidos. Sim, sim, sim, aspirar!
Foi a minha primeira vez com este especialista e confesso que
não tendo sido doloroso, foi extremamente desconfortável.
Primeiro, tentou arrancar a cera com uma espécie de pinça mas,
isso sim, doía. Diz ele que estava pegada ao tímpano. Ai que bom saber! Então deitou para lá umas
gotas e depois meteu o aspirador. Uma sensação arrepiante de ar frio a
sugar-nos os meandros mais intrínsecos da audição.
No fim mostrou-me, orgulhoso, o grão de cera aspirado. Eu
estava à espera de ver toda uma colmeia, dado o aparato e pompa da operação.
Mas não. Apenas um pequeno grão.
Entretanto já voltei a mergulhar sem medos, no meu inconfundível estilo, com uma mão a
tapar o nariz e a outra agarrar o
biquini.
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