Non va bene
Há 7 anos atrás tornei-me adepta de um clube que, até então,
nem sabia que existia. E de repente passou a integrar o meu quotidiano, porque
vi como era um dos pulmões da cidade onde eu vivia: Siena.
A Montepaschi Siena era um mobilizador geral, um catalizador de
paixões, um pedaço da vida dos Seneses. Porque se em Portugal ninguém dá dois tostões
pelo basket, na Itália é o segundo
desporto mais seguido. E em Siena é o primeiro.
Foi ali que, em 1907, se começou a jogar basket no país da bota.
Foi ali que vi o jogo mais emocionate de que tenho memória, com 3
prolongamentos, que culminou numa vitória da equipa da casa e a impulsionou a
ganhar o campeonato de Itália. Ganharam em 2007, perante o meu olhar excitado de
fascínio e deslumbre. Ganharam em 2008. Ganharam em 2009. Ganharam em 2010. Ganharam
em 2011. Ganharam em 2012. Ganharam em 2013. A Montapaschi Siena foi campeã de
Itália durante 7 anos consecutivos. Este ano perdeu o título contra a Armani
Jeans Milano, no sétimo jogo da final dos play offs. Mais renhido e disputado impossível.
Essa derrota não é um problema nem uma
vergonha.
O problema é que a Montapaschi Siena já não vai ganhar mais
campeonatos.
A vergonha é que o clube faliu.
Acabou-se o dinheiro, acumularam-se as dívidas. A outrora
legendária campeã italiana será agora uma equipa recalcada na quarta divisão.
É uma notícia tão triste como revoltante. Porque a devoção e
o entusiasmo não abrem falência. O amor à camisola não se compra. A paixão que
move uma cidade não tem preço.
O desporto não é um negócio qualquer, que pode simplesmente fechar
as portas, ou pôr um bilhetinho de “volto já”. Os clubes desportivos vivem do sentimento dos
seus adeptos. E com os sentimentos não se brinca.
Imaginem que amanhã o Benfica acaba. Que o Porto fecha. Que
o Sporting já não joga. Que seja qual for o vosso clube, adeusinho! Por
politiquices, por fraudes, por má gestão. Por N motivos alheios ao desporto em
si, aos jogadores, aos fãs e a todas as componentes que realmente deveriam
importar. Já imaginaram? Pois é assim que
eles se sentem.
E eu também.
"La fede non si ruba"/ "A fé não se rouba"
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