#Sales
As crónicas sobre os saldos são legendárias. Pancadaria,
malas voadoras, puxões de cabelo e outras elegâncias que tal, perpetuadas em
busca da pechincha perfeita.
Este post não é uma dessas crónicas. Não vai haver sangue,
nem uma mão com um punhado de cabelos arrancados (ou extensões, que nos dias
que correm é o mais comum).
Eu só queria trocar um vestido que me ofereceram nos anos e
não me servia. Usei o meu tempo com calma, procurei, agarrei, hesitei... uma
peça chamava-me a atenção mais do que todas as outras. Um macacão com saia em
tons esverdeados e uma parte de cima completamente impercetivel. Estava ali
montado um sudoku textil de nivel elevado. Gosto de desafios, gosto de
macacões, gosto de saias. Não gosto assim tanto de verde mas o padrão era giro.
Agarrei no S e no M e meti-me nos provadores. Meia hora depois, e após quase
asfixiarme com as tiras do macacão, decidi pedir ajuda a uma empregada. Assim
que viu a peça em questão, o terror assomou-se no seu olhar. Passou logo a tarefa a outra que
disse que sim, que sabia como colocá-lo. Pois que lá andou a dar voltas
para cima para baixo e do revés. Questionou as costuras, indagou os pontos e duvidou de todo o
desenho em si. Eu despida, à espera... nada. Chamou outra colega para ajudar. A
outra sacou do iphone com a foto de como deveria ser o macacão vestido. Estávamos
a anos luz desse resultado. Eu continuava à espera, meio despida. Decidiram que
o melhor era tentar enfiar o macacão numa delas para ver como se “montava” (apesar de nenhuma ser do meu tamanho, coisa
que eu vi logo mas não quis dizer para não parecer grosseira). Outro fracasso.
Então apareceu o salvador, o empregado gay, que claro que sabe como se veste o
macacão! Ou então não... A esta altura eu (anda meio despida) disse-lhes que
não fazia mal, que não era preciso, que ia escolher outra coisa. Ignoraram-me completamente. É que nem olharam para mim. O macacão verde tinha-se transformado numa questão de honra para esta incansável equipa da Zara. A muito custo, lá o efiaram na outra empregada, num resultado final pouco
alentador mas que decidiram ser suficiente para conseguir enfiá-lo em mim. A rapariga entrou comigo no provador, que agora sim já sabia e agora é que ia
ser! Vamos lá a isto então. Tentámos uma vez e outra e mais uma. E eu continuava a
parecer um javali atado pela cintura. Então ela desistiu, mas não completamente, para desespero meu. Chamou uma quarta empregada, apesar de
eu insistir que não era meeeesmo preciso. “Sim, sim, deixa-a tentar porque ela
conseguiu vestir isto noutra cliente há uns dias!”. Ah bom, então pronto, eu
fico aqui despida mais um bocadinho.
Lá veio a última esperança e com ela outra uma série de tentativas
frustradas até que...puff! Acertou!
Conseguiu vestir-me o macacão como deve ser. E então? Então? Então???
Não me servia. Ficava largo na cintura e apertado no peito.
Mas a fofa estava radiante “ Pronto, não te serve
mas assim pelo menos já sabes como é que se veste!”
Ótimo. Muito bom mesmo. Era o que eu queria ouvir depois de ter passado uma hora despida nos provadores da Zara. Além do que é irrefutável a grande utilidade de saber como se
veste uma peça que não me serve.
Vou ali fora pular de felicidade e já volto!
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