Na caminha
Um Verão inconstante e bipolar, ares condicionados
demoníacos, brisas de fim de tarde dissimuladas e uma ou outra noite de Karaoke
desenfreado.
A garganta começa a estrebuchar. As cordas vocais brincam
aos Dj’s em remixes experimentais. A
cabeça deixa-se abater por esse compasso dilacerante. O nariz chora. A boca
entra em convulsões sistemáticas. O termostato interno passa por uma crise de
identidade. O corpo está de ressaca de uma festa que não teve.
Não restam dúvidas.
A gripe chegou.
E não há chazinho, medicamento ou terapia que restaurem o
bem-estar.
Porque a gripe não tem cá encontros fortuitos de uma noite. Se vem, então é coisa séria e tem de ficar
pelo menos uns dias, para amortizar a viagem.
Vem sempre quando bem lhe apetece e sem ser convidada. Nuuuuunca
dá jeito.
E, mesmo assim, temos de dormir com ela. E se queremos que
se vá embora mais rápido, então temos de lhe dar carinho e atenção e passar o dia
todo na cama, só com ela. Porque se tentamos sair à rua e desenvolver qualquer tipo de atividade, ela irrita-se, fica toda ciumenta e aí é que temos o caldo entornado.
Assin sendo, montanha de lenços de papel por um lado, arsenal de
medicamentos pelo outro.
Vamos lá entrar de quarentena para ver se exorcisamos esta
gripe.
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