A eterna questão da originalidade
Os bons criam e os outros copiam. É assim com os telefones, com os
computadores, com as séries de televisão, com promoções e com cada coleção
Outono/Inverno Primavera/Verão. Alguém marca a tendência e os restantes seguem.
Desde os frigoríficos até aos batons vermelhos, o que é bom e tem
sucesso é desapropriado do seu criador e adaptado a outras situações, para
benefício das mesmas.
Por um lado é um elogio, uma prova de que o orignal é mesmo bom, mas
por outro, não deixa de ser um certo rip-off, uma pontinha de plágio, uma lacuna na criatividade. Não obstante,
revela-se eficaz.
Afinal, se a ideia é boa, até que ponto é incorreto e até mesmo ilegal,
copiá-la?
Comecei a pensar nisto depois de ver um vídeo da nova revista NiT, New
in Town. E de ler os vários comentários que desencadeou.
Uma revista que desde logo despertou a minha curiosidade pelo conceito
fresco, novedoso e cosmopolita que apresenta e que me pareceu um projeto giro e
interessante.
Foi com alguma desilusão, porque tinha grandes expectativas, que vi que o víde da NiT é uma cópia, com menos graça, de um conhecido e
periódico sketch do comediante americano Jimmy Kimmel, chamado Lie Witness News.
O Lie Witness News consiste em entrevistar pessoas, fazendo perguntas
sobre marcas, coisas e pessoas que supostamente representam algum tipo de
autoridade ou hot topic, mas que realmente não existem. Vamos ao exemplo
concreto deste post: O Lie Witness News entrevista fashionistas na NY fashion week e
pergunta-lhes pelos desfiles e criações de designers fictícios, ao que estes
pseudo-entendidos respondem com grande autoridade e desdobrados elogios. Dizem, por exemplo, que seguem a marca Chandler Bing, sendo que o Chandler Bing é um personagem da série FRIENDS
interpretado pelo ator Mathew Perry.
É muito engraçado, sim senhor, e é giro que o tenham feito em Portugal.
É.
Mas não é original.
E quando sabemos que é copiado e conhecemos/vimos recentemente o sketch
pai, não podemos evitar aquele sabor
insonso na boca, como se lhe faltasse uma pitada de sal.
Temos pena.
A questão polémica é se deveriam ter incluído no vídeo algum crédto ao Jimmy
Kimmel.
A resposta é: não sei.
Por um lado acho que sim, por uma questão de ética, porque me parece
algo antagónico proclamar-se como New in town e arrancar com o lançamento de um vídes
calcado de um sketch de outro meio. Mas
por outro, quantas pessoas sabem quem é o Jimmy Kimmel?
Entendo que o público português se esteja pouco borrifando para o que
dizem na NY Fashion Week, em programas de televisão que não existem em Portugal.
Que o que tem graça é rirem-se dos seus conterrâneos que estão ali, em Lisboa.
Pessoas que veem todos os dias no metro, no supermercado e aos fins-de-semana no
LUX.
O que não entendo são as pessoas que se chateiam porque alguma alma
ousou comentar, timidamente, que o vídeo era muito engraçado, mas que ficava
bem dar crédito aos criadores da rúbrica. É
só uma opinião, porém, foi o Deus nos acuda de comentários a cair-lhe em
cima. As pessoas ficaram ofendidas! Salve-se quem puder de ter gostado de
alguma coisa que já foi feita noutro sítio!
O vídeo é original? Não.
Mas você gostou? Sim.
Então, qual é seu o problema?
Certamente não podem negar a quem viu os vídeos da NYFW, o direito de
dizer que são melhores e que foram feitos primeiro.
Porque são e foram.
Ora julguem vocês mesmos:
Comentários