A bola de ouro 2015
A gala da bola de ouro deve ser das poucas coisas, a nível mundial,
que rivaliza com o cozido à portuguesa. Pela quantidade de chouriço que metem
lá p’ra dentro, numa panóplia de prelúdios que não interessam nem ao menino Jesus.
Um verdadeiro massacre de minutos, com uma actuação musical
a romper o ritmo pesado das palavras vazias, mas sem réstia desse ritmo
artístico chamado carisma. As pessoas não estavam ali para ouvir música, nem
para ouvir o não sei que vice-presidente de não sei quê da Fifa, nem para ver
os 11 jogadores do “dream team”, até porque só vieram 8 (oooh, não percebo como
é possível que não tenham querido assistir a este evento tão emocionante!).
Foram duas tortuosas horas para dizer que o melhor jogador
do mundo é português. O nosso CR7 ganhou
o seu terceiro balón de ouro, como dizem por cá. A Dona Dolores desmanchou-se em lágrimas, o filho
assomou-se-lhe à perna e da Irina nem a sombra se viu. Não chegou com ele, não
a filmaram uma única vez e não recebeu nem um singelo obrigado do seu amado. E
olhem que ele agradeceu à mãe, ao pai, ao filho, à família, ao clube, ao
presidente, à selecção, aos companheiros e para a fofa rien de rien.
Oh-oh, como diria Hamlet, há algo podre no reino de Ronaldo.
Para mim, a ausência da modelo foi a grande (e única) surpresa
da Gala.
Cadê a Irina minha gente???
Confesso que estava na expectativa de ter visto o
vestido dela, o cabelo, a maquilhagem, os sapatos... e em vez disso cá fiquei, desconsolada,
com a enchente de chouriços.
A bem da verdade, já que estou numa de confissões, eu gostava
que tivesse ganho o Neuer, o guarda-redes alemão, para não serem sempre os
suspeitos do costume, que já não há paciência para este dualismo Messi vs
Ronaldo.
Vá, por isso e porque o Neuer é mais giro.
Mas o Messi que não se preocupe que, não sendo o melhor
jogador do mundo, nem o mais bonito, ganharia com certeza o prémio da fatiota
mais original com aquele traje lilás reluzente. Uma pena não existir tal
reconhecimento.
Claro que também não me incomoda nada que o melhor
jogador de futebol do mundo seja um português, ainda por cima pela terceira
vez. Com a história humilde que todos conhecemos e o devido louvor ao esforço e
sacrifício que investe no seu sonho.
O
discurso este ano é que foi menos comovente, em vez da choradeira soltou um
gritinho esganado e despropositado, confirmando assim o expoente da retórica
futebolística.
Mas, voltemos ao grande destaque da bola de ouro 2015:
Irina mulher, onde está você?!
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