A festa
Ontem cheguei a casa cansada.
Tinha em cima o peso de uma semana de trabalho com mais horas que um relógio e em baixo a dor dos saltos altos.
Tinha em cima o peso de uma semana de trabalho com mais horas que um relógio e em baixo a dor dos saltos altos.
Eram uma e pouco da manhã e não via a hora de enfiar-me na minha cama,
dormir o sono dos justos e babar na almofada.
Eis se não quando, reparo que do outro lado do pátio interior há umas
janelas com luzes tipo discoteca. E gente a dançar.
Sem esforço, ouço a música a bombar.
OH NÃO!!! É UM FESTA!!! TENHO UM VIZINHO A FAZER UMA FESTA NO SÁBADO À
NOITE!!! AAAAAAAARRRRRRRGHHHHHHHH!!!
Foi um momento inédito na minha vida, normalmente estou no outro lado
da janela, no que tem de pedir desculpas aos vizinhos e fazer olhinhos aos
polícias.
Nunca tinha estado do lado do vizinho chato que se queixa porque quer
dormir e não pode.
O que, confesso, foi uma sensação deprimente.
Ponderei chamar a polícia, mas não sabia como explicar que estavam a
fazer um festão com decibéis para lá do aceitável, no prédio do outro lado do pátio interior...
Além disso, não pude deixar de reparar que gostava de, absolutamente,
todas as músicas que eles estavam a ouvir. Parecia uma cópia da minha lista do
spotify.
Nesse momento não soube se estava mais chateada pelo barulho, ou por
não ter sido convidada para aquela festa!
Desde a minha perspectiva (de pé com o meu pijama da Hello Kitty, especada à frente da janela da cozinha) toda a gente, e olhem que havia ali muita gente,
parecia estar a curtir imenso.
Decidi que não era preciso chamar a polícia. Vivo num bairro
residencial familiar, com pais, avós e crianças. Os meus vizinhos do lado têm
um bebé com umas cordas vocais de alta potência. Aquela festa tinha os minutos
contados.
Assim foi, não demorou muito até a música deixar de se ouvir.
E eu pude dormir com a consciência tranquila.
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