Brodas Bros em "Concierto Concepto"
Se há sítio onde gosto de ir é ao teatro!
Os meus pais incutiram-nos
o hábito desde pequenas e eu, felizmente,
também soube apreciar quando as peças deixaram de ter abóboras transformadas
em carruagens a descer do teto. Mas lembro-me até hoje do tremendo impacto
desse momento, na peça Cinderela, quando não deveria ter mais de 6 anos e fiquei fascinada para sempre. Para mim, o teatro vai sempre ser o sítio onde acontecem coisas mágicas.
Tal como há dias escrevi aqui sobre as palavras, o teatro também tem essa capacidade camaleónica de ser muitas coisas diferentes de cada
vez, e às vezes, em simultâneo. Uma metamorfose ambulante, como cantava o
outro.
Quarta-feira foi dia de première no Teatro Coliseum de
Barcelona. Troquei as luvas de boxe pelo “Concierto Concepto” dos Brodas Bros e
não me arrependi. (Não se preocupem se
não estiverem a ver quem são, eu também não conhecia).
Mesmo não sendo a Madonna, a sala estava cheia, o
que não deixou de ser uma agradável surpresa, conhecendo as ruas da amargura
por onde se arrasta a cultura.
Sentámo-nos nas cadeiras a que gosto de chamar presidenciais,
precisamente no meio da primeira fila do primeiro balcão.
O “Concierto Concepto” é um show dirigido, produzido,
realizado, cantado e dançado por pessoas cá da terra, com uma base de hip hop e
batucada sobre a qual constroem efeitos especiais, improvisações e muito
humor. É uma história que, não tendo um
enredo de guião, nos deixa completamente enredados na surpresa do que virá a
seguir. As pernas e os pés não ficam indiferentes, quase como se as cadeiras
tivessem vida própria. As nossas mãos
ganham um ritmo anarquista que nos faz divagar nas noções do tempo.
Até que chega o gran finale! Forte e contagiante, com todo o
peso de um sambódromo no placo do pequeno teatro Coliseum.
O “Concierto Concepto” dá umas quantos voltas à palavra
teatro e ao singular significado de concerto, é um bocadinho de ambos e muito
de si mesmo, impossível de catalogar.
Se alguma vez se cruzarem com os Brodas Bros, vão vê-los
porque vale a pena.
Enquanto isso,recomendo todas as idas ao teatro possíveis, porque
ir ao teatro faz bem à alma!
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