A lenda de Sant Jordi

Ainda estavam a montar as bancas na Rambla quando saí de casa de manhã, pela fresquinha. A persiana da livraria já estava levantada, em sinal de preparação para o grande dia. A esquinas ainda eram só cimento, mas meia hora depois e lá para os lados da praia, já começavam a despontar as rosas vermelhas. Não havia pressa, ainda era cedo. Não estava exatamente na expectativa, mas esperava pelo menos uma. De algum amigo, de algum admirador, de algum colega de trabalho. Na pior das hipóteses, de alguma promoção de rua, de algum espontâneo tomado de golpe pelo espírito da “Diada de St. Jordi”. Mas o dia foi passando e as rosas foram desabrochando e eu continuava sem a minha. Quando cheguei a casa para almoçar, a Rambla vazia tinha dado lugar a uma enchente pulsante de gente, saltitante entre bancas de livros e rosas, num colorido primaveril digno de um quadro de Matisse. Uma atmosfera vibrante e alegre! E eu sem rosa.... Atravessando a multidão, o coração, que tinha acordado grand