Sou muito fã!
Em tempos que já lá vão, eu jogava ténis. Mas jogava assim mesmo a
sério. Era federada, ia a torneios e cheguei até a fazer parte da seleção
nacional. Ok, Portugal não é exatamente uma potência na modalidade, mas pronto,
na altura os meus pais ficaram todos babados. O meu pai até foi ao ciclo
(Escola EB 2 3 D. Afonso III!) falar com o meu Diretor de Turma, o professor de
Educação Visual, a quem carinhosamente chamávamos de Bulldog. O Bulldog achava
um despautério o pedido da Federação Portuguesa de ténis para eu me ausentar
durante uma semana a fim de jogar um torneio em França, representando a nação. Imagine-se,
logo eu, que tinha 5 a tudo! Verdade seja dita, nunca tive 5 a Educação a Visual...
Mas os meus pais achavam um máximo e por isso eu lá fui. Porém, não é para
falar dessa viagem que comecei a escrever este post. É para contar que, nesses
anos de glória e troféus (lá em casa há um armário cheio deles), conheci e
treinei com muita gente. Dessa gente toda houve uma pessoa que viu logo que não
ia chegar longe com a mentalidade dos Bulldogs e afins que andavam por ali à
solta. Enfim, com a falta de apoios e de seriedade, não é de estranhar que Portugal não seja uma potência em ténis (e em tantos outros desportos). Uma coisa é certa, não é por falta de talento!
Mas ele tinha outros planos, que o levaram a mudar-se de malas e bagagens para
Barcelona, com 14 ou 15 anos e esse sonho utópico de ser um jogador profissional
de ténis.
Encontrei-o muitos anos depois, numa noite de Verão em Faro, por acaso.
Já não era o cadete do Centro de Ténis de Faro que tinha ido viver para
Barcelona. Já era um jogador de ATP.
E continua a ser. Foi o primeiro jogador de ténis português a estar
entre os 50 melhores do mundo. Os 50 melhores! E eu treinava com ele!!!
Agora ele joga e eu fico sentada a ver.
Foi assim este Domingo, no Torneio do Godó, uma espécie de Estoril Open de Barcelona.
Infelizmente o Rui não ganhou, mas vê-lo jogar ao vivo e a cores é sempre um
prazer. Apoiar, bater palmas, torcer com todo o coração não só porque é português, mas porque é um amigo, porque nos conhecemos quando ainda éramos crianças, porque partilhámos um mundo de pessoas, sítios e coisas que aqui ninguém conhece. Porque sei o quão difícil, enervante e solitário o ténis pode ser e admiro-o por ter escolhido fazer isso todos os dias.
E ver o Rui a jogar é também uma espécie de viagem no tempo, a uma infância tão distante
quanto feliz...
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