Benvenutti a Positano
Não foi uma coisa planeada, foi uma viagem improvisada, à revelia
dos pais, como quando tinha 14 anos e queria ir passar a passagem de ano com as
amigas em Albufeira. Quase nos 30, dispenso autorizações paternais, mas tinha
semi-prometido que se tivesse dias de férias iria vê-los ao Algarve. Os dias de
férias apareceram, mas do Algarve nem a sombra das amendoeiras. Em vez disso
fui para Itália, o país que tem o meu coração cativo. O destino escolhido foi
Positano, uma pequena cidade enredada entre as montanhas acidentadas e as águas
azuis e cristalinas da costa amalfitana.
A uma hora de Nápoles, Positano é um
reino encantado, uma supermodelo de postais e pinturas, uma cidade cujas
dimensões não são proporcionais à beleza e à inspiração que se respira nos seus
recantos panorâmicos. Parece um presépio pintado com a paleta do arco-íris, ao
som do sabor dos melhores gelatti misturados com o aroma das pastas al dente e
das pizzas com mozzarella de búfala.
Comer mal em Itália é um desafio difícil de realizar.
E em Positano uma pessoa
nem sequer se sente culpada porque antes, depois e entre as refeições, há
milhares de escadas que fazem os deleites de glúteos e coxas. Não exagero
quando digo que 5 dias em Positano equivalem a aproximadamente 50 aulas de
aeróbica localizada. É, muito possivelmente, a única cidade italiana onde uma
pessoa come descansada e volta menos gorda e mais tonificada. Por muito delicioso
e motivador que possa parecer, quando estamos ali, no ato, a subir e a suar
cada degrau com 35 graus de calor e um sol quase maquiavélico, não tem piada nenhuma,
acreditem.
Para refrescar o mar estende-se por toda a costa, não se faz
de rogado, é só preciso ter cuidado com as pedras que estão por todo o lado,
numa substituição de areia que fica aquém das expectativas de uma experta em
praias como eu. Mas as vistas de Positano desde a água compensam qualquer
dureza de pés. O colorido dos guarda-sóis forma o fresco perfeito, até que vem
o senhor das sombrinhas aos gritos, informar que só podemos estar ali se
pagarmos sombrinha e espreguiçadeira, caso contrário a “free beach” é do outro
lado. Há uma primeira vez para tudo, esta foi a primeira vez que fui expulsa de
uma praia, não porque não quisesse pagar uma espreguiçadeira, mas porque já não
havia nenhuma para comprar.
Em Agosto Positano está a abarrotar, o que é especialmente
notável nas saídas à noite, quando toda a gente se junta numa amálgama humana
no Music On the Rocks, a única discoteca da cidade. O Music tem também um
restaurante chamado Rada, que recomendo tanto pelas vistas, como pela comida e
pelo serviço esquisito, e um lounge chamado Fly, com cocktails de frutas e um
desenho perfeito da skyline, ou mais bem dito mountain line, da cidade.
Um verdadeiro sonho de uma noite de Verão.
Não sei que mais vos contar deste pequeno reino de
vicissitudes mágicas, com as esplanadas mais fantásticas que já vi, despontando
entre ruas e vielas de conto de fadas. Sempre
com muitas escadas!
E como os meus pais também foram de férias sem mim, fica ela
por ela.
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