Olha mãe, sou eu!
Há uns dias um amigo que não vejo há algum tempo mandou-me
uma mensagem pelo facebook “acho que te vi num anúncio na televisão”. E eu não
dei importância, deve-se ter confundido coitadinho. Pegou-lhe uma partida a vontade de me rever,
normal em qualquer pessoa que padece de longos períodos com a minha ausência na
sua vida.
Foi então que me lembrei, espera lá, que eu filmei um anúncio de
televisão para a rádio! Estranho? Pois é, mas foi mesmo. Filmei um anúncio
para um programa de rádio famoso, que faz parte do mesmo grupo que vários
canais de televisão espanhóis.
Aliás, lembro-me bem, foi a convite do apresentador do
programa de rádio e protagonista do anúncio, num dia Invernoso, num hotel
maravilhoso.
Também me lembro de me terem trocado de cena e me terem
mudado as falas e que, de repente, em vez de uma palavra tinha que dizer a
frase mais complicada do anúncio inteiro. Foi um processo doloroso, porque eu
tenho um sotaque que não se adapta bem aos ”s”, “c” e “z” espanhóis. O diretor
do anúncio era um fofo com uma paciência de santo e esperou, improvisou e
soletrou a fala sílaba a sílaba, várias vezes. Mas não houve maneira e por
muito que me dissessem que eu tinha estado muito bem e que aquilo tinha ficado
muito bom, lá no fundo eu sabia que os tinha defraudado. Também sabia que me
podiam editar, cortar, eliminar, pôr outra cabeça no meu pescoço, enfim, um sem
número de opções que me deixavam tranquila, com a certeza de que não lhes tinha
arruinado o spot.
Fui então procurar no youtube, sem grandes esperanças, continuando
a achar que o meu amigo tinha visto mal e que mesmo se eu aparecesse no anúncio
não seria reconhecível. Afinal, já foi há tantos meses e eram só 2 segundos sem
primeiro plano. Porém, encontrei um vídeo que indica todo o contrário. Não só o
anúncio viu a luz dos écrans de televisão, como a minha cabeça também aparece
em cima do meu pescoço, suficientemente reconhecível para qualquer pessoa que
me conhece. O que muda é a voz, que estou em crer que não é a minha. Confio que
fui atropelada por um voice over de alguém com pronúncia nativa.
Era uma opção válida que eu tinha descartado, mas parece que
foi a solução mais adequada. Já dei ao replay umas quantas vezes e não me canso
de não me ouvir.
Penso sempre que podia ser pior.
Podia ter sido dublada num anúncio de cremes para as hemorroidas!
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