"Keep writing girl!"
No outro dia conheci o filho do Clint Eastwood, o que também
é ator, embora seja supremamente mais conhecido pelo seu apelido do que pelo seu
trabalho. Eu mesma não sabia da sua existência até o Google me informar que até
já tinha visto um filme com ele, o Fury, onde contracena com o Brad Pitt.
Conversa vai conversa vem, contei-lhe sobre a minha incursão
na NY Film Academy e a minha Ilíada pessoal para ser escritora. Cheguei mesmo a fazer-lhe um pitch do meu
guião de cinema The Cookie Jar. Ele elogiou o título e perguntou-me se eu escrevia
todos os dias. Então eu, que até aí estava toda excitada, (imagine-se!), a
contar o meu guião ao bonitão do filho do Clint Eastwood, tive uma recaída no
sorriso quando lhe respondi que não. Não escrevo todos os dias. Aliás, acabo de me aperceber que há 20 dias
que não escrevia no blog...
Ser escritora já é difícil, mas ser escritora sem escrever é
simplesmente impossível.
Não escrevo por culpa da conjetura económica. Porque os
trabalhos são mal remunerados, porque tenho que ter dois trabalhos para ter dinheiro,
mas depois não tenho tempo para mais nada. Não escrevo porque a educação está
em ruina e a indústria editorial está mais afundada que o Titanic. Não escrevo porque o jornalismo é prisioneiro
do agenda setting e de interesses particulares, além de muito mal pago. Não
escrevo porque não sei se, sem contar com os meus pais e o meu tio, mais alguém
vai ler. Não escrevo porque às vezes
acho que já não vale a pena escrever.
Destilei as razões genericamente, ao que ele respondeu que
não eram razões, mas sim são desculpas. Contou-me que também teve de trabalhar
duro em vários sítios e estudar em duas universidades até conseguir ser ator.
(Difícil de acreditar, vindo do filho de um dos atores/realizadores/guionistas
mais famosos do mundo, mas ainda assim inspirador).
Disse-me que eu tinha que escrever e aprender uma palavra
nova todos os dias. Ensinou-me a palavra “precautious” e depois, nesse jeito tão
americano de cheerleader soltou-me um efusivo:
“Keep writing girl!”
E a efusão ficou-me gravada na cabeça.
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