Quando a democracia chateia
Na semana passada tivemos em Barcelona o maior congresso que
a cidade recebe, o World Mobile Congress. Consta que vieram 95.000 pessoas para
participar na feira dos telefones, onde a realidade virtual foi a grande estrela.
Os hotéis estavam lotados, os restaurantes a esfregarem as mãos de contentes e então o que
é que os trabalhadores do metro decidiram fazer? Greve. Greve senhores!
Claro que sim, temos um extra de 95.000 pessoas que todos os
dias se têm de deslocar ao recinto da Fira Barcelona (a meio caminho entre o
aeroporto e a cidade), e em vez de um reforço nos transportes públicos fazem
uma greve. Uma greve senhores! Sem assegurar serviços mínimos. Não, não, não.
Portas do metro fechadas a cadeado.
Não faz mal, temos os taxis! A piada do ano. Os táxis em
Barcelona são uma hecatombe e em situações de crise são ainda pior. Desta
feita, recusavam-se a reservar serviços por telefone que não fossem destinados
ao aeroporto e vários táxis não aceitavam clientes que quisessem chegar à Fira.
Porque, ah e tal, estava uma grande confusão e o tempo que iam ficar parados no
trânsito para chegar lá não lhes compensava. Bravo! Um exemplo exemplar de
serviço púbico.
O resultado foi uma cidade colapsada, com as ruas
intransitáveis e uma desorganização que não deixa vontade de voltar a sediar
congressos de peso em Barcelona.
Chateia-me, pois claro que me chateia porque estava a
trabalhar no congresso e foi um calvário para chegar lá e para voltar a casa. E
como meu, 95.000 pessoas mais os milhares que, habitualmente, necessitam de
usar transportes públicos para as deslocações casa-trabalho.
E nenhum de nós tem culpa que a senhora alcadesa seja
incompetente e não consiga gerir os problemas da sua cidade, nem que a maltinha
do metro seja garganeira, porque a verdade é que já ganham muito mais do que o salário
mínimo apesar de não terem titulações académicas.
E é isto.
Lembrem-me de voltar a jogar no euromilhões este mês.
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