POR-TU-GAL! POR-TU-GAL!
Foi o dia mais difícil para ser
imigrante. Ver o Marquês de Pombal a rebentar, a baixa e as alamedas a cantar e
estar aqui tão longe...
Portugal estava em festa!
Portugal era a festa. Nós fizemos o melhor que pudemos, com a centena e troca o
passo de portugueses que se juntou na Plaza Catalunya, formando uma amálgama
vermelha e verde, densamente orgulhosa.
Cantámos o hino, o Portugal olé,
olé e esta merda é toda nossa também. Cantámos as saudades da nossa Casinha e
depois girámos por esse repertório repetidamente, intercalando com o Campeões,
nós somos campeões!
Porque somos campeões! Pela
primeira vez na vida do país e de todos nós, ganhámos um Euro, triunfámos numa
competição internacional depois de tantos quase. Atirámos as mãos à cabeça,
roemos as unhas, cerámos os dentes, pulámos de alegria e esguichámos como
loucos a cada gol. E depois de tanto sofrimento, tanto penalty e tanto
prolongamento, quem diria? O mundo inteiro apostava por França. Ou pela
Alemanha, ou por Espanha, ou por Itália, ou pela Islândia!
Ninguém no seu perfeito juízo apostava
por Portugal. Verdade seja dita, nem nós portugueses acreditávamos muito que
fosse possível, porque todos temos aquela ferida aberta do Euro 2004. Quando
tínhamos uma super equipa, quando fomos parar ao lado difícil do quadro e
ganhámos cada jogo a jogar um futebol de deleite. Quando ninguém acreditava que
a Grécia nos pudesse ganhar. Quando já tínhamos a festa preparada de norte a
sul e pelas ilhas.
Perdemos.
Desde aí somos cautos com as
nossas esperanças. Mas, ao mesmo tempo, essa malfadada final era o motor da
minha esperança. A Grécia ganhou-nos um Euro em casa quando ninguém dava nada
por ela, nós também podemos ganhar.
Não deixa de ser engraçada e irónica
a semelhança entre este Euro e o de 2004, mas desta vez a nosso favor. Fomos
nós os água festas, os sortudos, os beneficiários de uma série de fatores
favoráveis que nos deram um empurrãozinho até à final. Mas não, não foi só
sorte, não foi por acaso. Eles estiveram lá, eles jogaram. Houve um enorme Rui
Patrício, houve um golaço do Eder, houve um Quaresma e um Nani em momentos
decisivos. Houve um treinador que soube gerir esta equipa “fraquinha”, “escassa”
que jogava sem jogar. E houve um capitão
imenso, dentro e fora do campo. Aliás, estou convencida que até desde a casa de
banho o Cristiano Ronaldo animava a equipa e treinava o treinador. Digam o que
quiserem, mas não me digam que este homem não dá tudo pela seleção, que não
vive aquilo mesmo a sério, que não sonhava com este dia. Merecia ter podido
jogar, merecia ter podido marcar e mereceu levantar a taça.
Agora é bonito, rico, famoso e
campeão da Europa!
Agora somos todos campeões da
Europa, estejamos em Portugal ou fora, e isso meus amigos já ninguém nos tira.
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