Episódios da vida real
Hoje vi uma cena intrigante. Ao voltar da praia, a poucos
passos da porta do meu prédio, vi um rapaz a correr desenfreadamente pelo meio
do Boulevard, perante o olhar espantado dos turistas sentados nas esplanadas. Na
minha rua, Rambla de Catalunya, ou a parte boa das Ramblas como eu lhe costumo
chamar, só há turistas. É um ponto central da cidade, cheio de lojas y
restaurantes, sempre muito movimentado. Portanto, não é fácil correr
desenfreadamente por ali porque há sempre alguém ou alguma coisa a
atravessar-se pelo caminho. Acreditem em mim, que faço jogging pelo bairro e se
não é um cão é uma bicicleta, ou um semáforo vermelho, ou um carro a
estacionar, ou um carrinho de bebé, ou uma cadeira de esplanada, ou turistas indecisos
sobre que caminho seguir ou, simplesmente, pessoas que não andam nem deixam
andar e deviam ter uma faixa de passo de caracol só para elas.
Mas o jovem lá ia, numa correria desesperada, muito
provavelmente por estar a ser perseguido por um polícia que seguia no seu
encalce alguns metros mais atrás, claramente fora de forma. Talvez tenha
acabado de voltar de férias. Talvez não goste de fazer jogging.
Magricela e com o cabelo descolorado, se não fosse por ser
medianamente esguio poderia perfeitamente ser o Messi a fugir das finanças com
o seu novo look de Verão.
Não parecia um criminoso, que é sempre o que se diz dos
psicopatas. Aposto que era, no máximo, um carteirista. E vai daí talvez fosse
um convertido radical da ISIS e tivesse planos para nos mandar a todos pelos
ares.
Segundos depois passou outro polícia a correr. Se o primeiro
polícia já estava em dificuldade para acompanhar o ritmo do suspeito, este
então já corria noutra competição.
Não sei que pense de toda esta situação. Por um lado,
sinto-me segura por saber que há polícia no bairro e que atua imediatamente,
por outro, a velocidade a que os polícias correm deixa-me bastante intranquila.
E por último, o fato de ninguém (numa das ruas mais movimentadas da cidade) parar
uma pessoa que estar a ser perseguida pela polícia, provoca-me dúvidas na
humanidade.
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