A caixa mágica
Não, não se desesperem, o blog não está morto! Passou apenas por um
período de hibernação. Os ursos polares hibernam no inverno, por causa do frio,
este blog é mais de hibernar no Verão, para ir à praia.
Mas não foram só a areia e o mar que provocaram esta hibernação.
Primeiro, foi um trabalho na televisão (que soa muito melhor do que o que
realmente é), e depois foi Cuba (que realmente é muito melhor do que soa).
Comecemos pela televisão. É recorrente que quem estuda Ciências da
Comunicação tenha vontade de trabalhar
em televisão. Eu, na minha santa ingenuidade, achava que o trabalho dos meus sonhos estaria numa
produtora de filmes e séries de tv. Então veio Deus, ou o destino, ou o
alinhamento dos planetas em noite de lua cheia, e as circunstâncias da minha vida mudaram drasticamente. O caso é que saí
para o que eu achava que seria uma entrevista de trabalho e já não saí dali até
às 7 da tarde.
Foi o meu primeiro dia na produtora televisiva. Entrei sem saber que ia
entrar e comecei sem saber por onde começar. A diretora de produção foi muito
simpática e disse-me que lhe perguntasse se tivesse alguma dúvida, portanto, a
certo ponto e com algum embaraço, tive mesmo que lhe perguntar qual era o
programa que estávamos a fazer.
Seguiram-se dois meses em que os dias pareciam semanas e as tarefas
levavam à letra o que o Senhor disse de “crescei e multiplicai-vos”. Fazíamos horários que não estavam escritos e à
noite dormíamos ao som de 4 incessantes chats do whats app.
Foram dois meses a viver de sandes engolidas à pressa e 100 coisas
planeadas às quais se juntavam 101 inesperadas...SURPRESA! Bem-vindos à magia
da televisão!
Pelo lado positivo foram dois meses em que me esqueci de todos os
problemas, porque simplesmente não tinha tempo para pensar em mais nada. Dois meses em que me senti necessária e
valiosa, e acordava sabendo que não me ia aborrecer a olhar para um computador.
Uma experiência intensa que gostei de ter, mas não sei se gostaria de
voltar a viver. Era uma mistura de amor e ódio, euforia e desespero, motivação
e frustração com nervos sempre à flor da pele e gritos, demasiados gritos! Porque
as pessoas que trabalham em televisão acreditam mesmo que são cirurgiões
cardíacos ou pilotos de avião. Parece que estamos ali a salvar vidas, que morre
alguém se não conseguirmos editar um vídeo, arranjar umas plumas vermelhas ou
engomar um traje. Eu mesma, senti-me um
verdadeiro bombeiro em ação, sempre a apagar “fogos” em todas as frentes.
Porque o departamento de Produção de um programa de televisão põe “Produção” na
porta, mas, na verdade, é o departamento de queixas, reclamações e desejos
impossíveis.
Somos Fátima, o Pai Natal e o Diabo ao mesmo tempo. Chegam a nós todos
os pedidos possíveis e impossíveis e arcamos com o peso de todo o mal que
acontece no mundo.
Nesse espírito, a longa ausência de conteúdo neste blog foi, obviamente,
culpa do departamento de Produção do meu primeiro programa de televisão!
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