O melhor plano de fim de semana (e vai daí talvez não)!
Em tudo na
vida há que ter esperança, porque dizem que quem espera sempre alcança. Ontem
consegui, finalmente, convencer as minhas amigas a alinharem num plano de fim
de semana desportivo-rural, em vez de acordar às duas da tarde e ancorar às
quatro em algum restaurante “cool” para passar o dia a comer e a beber. Dito assim, parece que elas sejam hooligans
ingleses em Domingo de derby, mas não, são boas moçoilas. Uma até se
voluntariou para alugar um carro, só para podermos mesmo sair da cidade a
sério.
Estou
ciente de que isto foi um acontecimento esporádico e pontual que dificilmente
se repetirá antes de terem passado 365 dias, mas foi bom e vale a pena partilhar!
Tínhamos
tudo planeado:
- Ir buscar
o carro às 11.00;
- Sair às
11.15;
- Chegar à
montanha de Montserrat antes das 12.00;
- Acender
uma vela;
- Arrancar
para a montanha da La Mola;
- Fazer
trecking até ao cimo da montanha (1h.30 aprox.);
- Almoçar
aproximadamente às 15.00/16.00 na “masia” do topo da montanha, que é aliás a
única coisa que há no topo dessa montanha.
Mas em vez
disto, o que realmente aconteceu foi que estivemos meia hora á espera para ser
atendidas no stand de aluguer de carros, não tinham o carro que tínhamos
reservado, deram-nos outro, descemos até à garagem e a nossa condutora declarou
que não se sentia confortável a conduzir aquela banheira, pelo que fomos
reclamar para trocar de carro. Saímos de Barcelona às 12.30h com um Mercedes,
sem custos adicionais.
Também
calculámos mal a falta de originalidade do nosso plano, porque a entrada para
chegar à montanha estava colapsada e o parking lotado - Montserrat em Novembro
parece a Costa da Caparica em Agosto.
Esquecemo-nos
de que as velas só se podiam comprar com moedas, e a Santa não as vende baratas
(2€/3€ cada), mas depois de distribuir os trocos de todas entre todas, lá
conseguimos acender uma vela cada uma e pedir um desejo, a ver se temos sorte!
Devido ao
adiantado da hora e aos ruídos estomacais que se faziam ouvir, tivemos de
deixar a “masia” no topo da montanha para outro dia (que, realisticamente, não
vai acontecer nunca) e almoçar mesmo ali em Montserrat, que é uma cosia que não
recomendo a ninguém, porque a comida não é que seja má, é mesmo ruim, dura,
fria, seca, pior que a cantina da escola primária, mas 10 vezes mais cara.
Não
obstante, visitar Montserrat é sempre uma verdadeira lufada de ar fresco e
natureza, uma experiência purificadora
com um toque de místico, faz-me lembrar a Serra de Sintra, mas mais imponente
pelas suas rochas gigantes esculpidas pelo vento, como se as tivesse esculpido
xxxx.
Conseguimos
chegar à La Mola sem nos perder, o que eu considero um feito honroso e
louvável, mesmo tendo a ajuda do GPS. A Maria, que liderava a excursão porque
conhecia a montanha e é a única que sabe conduzir decentemente, começou a subir
por ali acima desenfreada, e sem saber entrámos num rally de pés, pernas e
glúteos, desbravando caminhos que não existiam, aos quais ela chamava de
“atalhos”. Em apenas 10 minutos estávamos prontas para atirar boca fora os
pulmões. Aos 20 minutos, a Maria olhou para trás e decretou, com grande pesar, que
não íamos conseguir chegar ao topo da Mola, porque já eram 4.30 da tarde, ainda
nos faltava uma hora de caminho e depois não teríamos luz para descer.
Obviamente, estava fora de questão descer a montanha no meio da escuridão.
Ainda debatemos sobre as opções viáveis para não desperdiçar esse momento
mágico em que tínhamos conseguido chegar ao meio de uma montanha num sábado à
tarde, mas acabámos mesmo por abortar o plano. Caminhámos um pouco mais ao
longo de uma trilha sem “atalhos”, num passo sereno e tranquilo, sem
sobressaltos, nem pulmões aos saltos, nem pés a escorregar pelas pedras. Depois
voltámos para trás e aproveitámos o pôr do sol para fazer uma sessão de fotos
como se a nossa escalada tivesse sido todo um êxito, combinando de antemão que
ninguém saberia que não chegámos nem sequer a metade da montanha.
E ainda que
pareça que correu tudo mal, não é verdade (quando chegámos a Barcelona fomos comer
um mais que merecido crepe de Nutella).
A verdade é que são os dias assim que contam, que nos fazem sentir mais
vivos e mais felizes. Os dias de sol e gargalhadas com os amigos, de canções no
carro e 100 selfies com programas especiais para sairmos mais bonitas, de
planos furados com a consolação de pelo menos termos tentado fazer alguma coisa
diferente e envolvendo atividade física, e de simplesmente saber apreciar o
momento presente e deixar-se levar, mesmo que o caminho esteja cheio de pedras.
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